Ana Paula Maniero.
Depois de ter o seu padrão DataMatrix escolhido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como a tecnologia que será a base do Sistema Nacional de Controle de Medicamentos, a GS1 agora tem o papel de disseminar o conhecimento sobre a novidade, de olho no prazo da agência federal, que vai até o final de 2016.
Segundo a entidade, a adoção por parte do segmento de saúde será um grande impulso para as tecnologias de automação da GS1, que fornece padrões mundiais de automação, com códigos de barra e RFID.
No entanto, no mercado nacional, a empresa reconhece que estas aplicações ainda estão difusas, e o alinhamento desta novas soluções está longe do ideal.
"No caso da saúde, será a primeira vertical em que atingiremos massa crítica, então poderemos ver de forma efetiva os benefícios que isso poderá trazer à cadeia de produção e uso destes artigos", afirmou Ana Paula Maniero, coordenadora de negócios da GS1 Brasil.
Para o sistema de rastreamento de medicamentos, a Anvisa selecionou o padrão de código de barras DataMatrix, que utiliza tecnologia bidimensional de dados, contendo informações como número de identificação do produto, lote, validade e número serial.
O sistema manterá o padrão tradicional de identificação de produtos, o GTIN, determinação já estabelecida pela Anvisa desde 1999, mas agora aliada à nova codificação, com dados adicionais.
Como se trata uma tecnologia diferente dos códigos de barra tradicional, com leitores normais, a mudança para o DataMatrix também envolverá investimentos em equipamentos e novos leitores.
Para a GS1 Brasil, o trabalho ao lado da indústria farmacêutica, governo, laboratórios, clínicas e hospitais será decisivo.
"Chegamos a tentar prorrogar este prazo com a Anvisa, pois sabemos da relutância, não apenas no setor de saúde, de implantar estas tecnologias. No Brasil, muitas empresas não mudam pelo amor. Tem que ser na dor", avalia a executiva.
Por amor ou por dor, a implementação da nova tecnologia deve custar muito dinheiro.
Só os 18 laboratórios associados à Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Oficiais do Brasil (Alfob), uma entidade que reúne empresas públicas como o Instituto Butatan, Tecpar e o Laboratório Farmacéutico do Rio Grande do Sul estimam gastos de R$ 120 milhões com a implementação da rastreabilidade.
Segundo destaca Wilson Cruz, coordenador do Centro de Inovação e Tecnologia da GS1, a presença mais forte dos padrões GS1 ainda é o varejo, mas o uso junto ao programa da Anvisa pode trazer uma nova mudança nesse cenário.