Sergio Lozinsky, sócio-fundador e CEO da Lozinsky Consultoria. Foto: divulgação
Na edição de 2020 da pesquisa “Jornada do CIO - da realização pessoal à transformação de negócios”, perguntamos se o executivo percebeu uma mudança em relação ao seu papel enquanto líder da TI durante e no pós-Covid-19.
Mais de 40% dos respondentes disseram que as portas se abriram para uma ascensão profissional. É uma percepção positiva, mas que deixa espaço para um questionamento essencial: qual é a real perspectiva dessa ascensão?
Tradicionalmente, a TI é uma área prestadora de serviços para as demais, mas que resolve as suas questões internamente, com pouco ou nenhum envolvimento do restante da organização.
Porém, como já pontuei em outras ocasiões, a tecnologia hoje não é simplesmente uma área e, sim, uma atividade que permeia a organização toda. Será que o CIO tem levado isso em conta a ponto de cogitar se tornar um executivo de negócios ou mesmo um CEO?
A resposta é sim, mas apenas para uma minoria. Vejo profissionais que chegaram a VP de Estratégia ou de Novos Negócios ou outros cargos importantes na organização, mas isso não representa a maioria nem a tendência natural do mercado.
A posição do CIO ainda é a mais “garantida” em termos de futuro na carreira de TI e, por isso, boa parte das pessoas que atuam na área seguem vendo-a como o teto de suas trajetórias.
Essa, porém, não é a única percepção limitante. Há também aqueles que não se veem capacitados para ocupar tal posição. Muitos profissionais que hoje ocupam cargos de liderança em tecnologia tiveram uma formação tecnicista - como se o profissional de TI tivesse que resolver questões estritamente tecnológicas, e não de negócios.
Como resultado, ele “navega bem” por temas envolvendo equipamentos e sistemas, e nem sempre se vê preparado para falar de RH, logística e outras áreas. Vendas, em especial, revela-se um universo desafiador.
Para efeitos de comparação, vale examinar as ramificações que a carreira de um engenheiro pode tomar. Não é incomum ver alguém desse ramo ocupando cargos executivos em outras áreas. Isso porque a formação de engenharia envolve estatística, contabilidade, produção e muitos outros conhecimentos. As discussões em salas de aula da maioria das universidades não se limitam aos aspectos técnicos da atividade.