Estatal de processamento de dados é apontada como alvo de privatização.
O Serpro divulgou ter obtido no ano passado um lucro mais de três vezes superior ao de 2017, totalizando R$ 459,7 milhões, uma alta de 273%.
O resultado é ainda mais chamativo quando comparado com o do balanço preliminar dos resultados financeiros divulgado em novembro de 2018, quando a previsão era atingir um lucro de R$ 191 milhões, o que já seria uma alta de 54%.
O número divulgado agora é mais do que o dobro da previsão.
Não é preciso ter uma mente muito conspirativa para suspeitar que algo não fecha nessa história.
O Serpro atende basicamente o governo, em contratos de longo prazo em uma indústria que não é uma montanha russa de contratos gigantes de última hora.
Segundo o relatório, o faturamento no ano passado foi 11,99% superior a 2017 e bateu nos R$ 3,28 bilhões, dos quais R$ 2,98 bilhões são receitas oriundas de seus tradicionais clientes no governo, principalmente na Receita Federal.
No seu balanço, o Serpro divulga um recuo de 4,5% nas despesas operacionais, particularmente (4,2%) em pessoal e benefícios, por conta do incentivo à aposentadoria na base de funcionários, que chega a 9,2 mil pessoas.
Houve ainda queda de despesas judiciais e uma redução de 17,3% das despesas de locação de software e de hardware.
Essas reduções nas despesas, no entanto, não parecem ser suficientes para justificar um salto tão grande entre a previsão de lucro e o lucro anunciado.
Entre uma divulgação e outra, o Serpro trocou de comando com a transição para o governo Jair Bolsonaro (PSL), o que reforça a suspeita que os novos números de alguma modificação na análise dos resultados a nível contábil.
Ao que parece, o Serpro está se posicionando para dificultar uma venda ou extinção, uma posição repetida diversas vezes por representantes da equipe econômica do governo.
A própria divulgação das previsões em novembro, um mês antes do normal, apontava nesse sentido.