Setor de tecnologia está cautelosamente otimista com o novo ministro. Foto: Marcelo Lelis / AG. Pará Data
Marcos Pontes, o novo ministro de Ciência e Tecnologia, despertou reações polarizadas nas redes sociais.
De um lado, os defensores do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) enfatizaram o currículo do ex-militar da Aeronáutica, que foi a cara mais visível do programa espacial do Brasil e o único astronauta do país, tendo participado de uma missão espacial em 2006.
Do outro, os críticos de Bolsonaro, tratam de “desconstruir” a imagem de Pontes, caracterizando o mesmo como um “turista espacial” e ironizando a utilidade dos experimentos levados a cabo por Pontes na Estação Espacial Internacional.
O fato da participação de Pontes ser uma parte importante da visão dos governos petistas na área de ciência e tecnologia (o governo investiu R$ 40 milhões no projeto e o astronauta foi condecorado pelo então presidente Lula na volta) não parece desencorajar seus críticos na esquerda.
Os entusiastas na direita fecham um pouco o olho para a vida pós espaço de Pontes, que consistiu desde então em se beneficiar pessoalmente da fama, por uma carreira de palestrante motivacional e empreendimentos meio duvidosos como um “travesseiro aprovado pela Nasa”.
Como tem se tornado rotina, o debate consome muita energia e gera muito pouca luz.
Visando ter uma outra visão sobre as expectativas em torno de Pontes, a reportagem do Baguete procurou uma dezena de atores em importantes no circuito de inovação no país, ativos dentro de entidades, parques tecnológicos e instituições de ensino superior.
Os entrevistados foram avisados de antemão que os seus nomes não seriam mencionados, para encorajar opiniões francas. O resumo do sentimento da mostra escolhida pelo Baguete é: otimismo cauteloso.
Um dos ouvidos pela reportagem, apesar de definir Pontes como uma “incógnita”, destaca seu “conhecimento técnico em uma área de ponta”. O novo ministro é mestre em Engenharia de Sistemas e passou pelo programa de formação de astronautas da Nasa.
O nome de Pontes consegue entusiasmar alguns dos ouvidos pelo Baguete, principalmente fora do circuito mais ligado à academia.
“Vai ajudar muito a modernizar a pasta, tirar ranços políticos e focar o trabalho em desenvolver ciência e tecnologia no país, de forma aberta e sem posicionamentos refratários e ideologizados”, aponta um empresário ouvido pelo Baguete.
Uma das entrevistadas destaca a dimensão simbólica do nome de Pontes (talvez um fator determinante na escolha do próprio Bolsonaro), acostumado a falar para auditórios cheios de estudantes trajando seu uniforme de astronauta:
“O Brasil de hoje tem uma carência absoluta de heróis, seja no esporte, ciência, política, gestão... Precisamos ter exemplos para nos orgulharmos, para que nossos jovens q debandam vejam exemplos de lideranças que investiram na sua formação e em seus sonhos e chegaram lá”.
Até agora, é inegável que Pontes tem prestígio junto a Bolsonaro. Seu nome foi anunciado já no dia da vitória da eleição, e ele já figurava entre os ministeriáveis meses atrás, quando as possibilidades de vitória do candidato do PSL ainda eram tidas como baixas.