João Rosa, professor do Pecege. Foto: Divulgação.
Por João Rosa*
Antes de mais nada: não existe forma errada de se realizar tarefas no Excel. O que existem (sim, no plural) são maneiras mais eficientes e produtivas de se utilizar a ferramenta. Ao longo de minha carreira investi longas jornadas de trabalho em determinadas atividades trabalhando com o Excel. Jornadas que poderiam ser otimizadas se tivesse o conhecimento das ferramentas adequadas e, sobretudo, de como utilizá-las. Hoje, com poucos cliques, realizo tarefas que antes levaria semanas.
Dessa forma, afim de contribuir para a orientação mais efetiva da ferramenta, listo os 10 mandamentos no Excel:
1. Não mesclarás
Quem nunca, hein!? Que atire a primeira pedra... Sim, uma das práticas mais comuns entre muitos usuários do Excel, a mesclagem é também uma das mais limitantes. A estrutura do Excel é baseada no cruzamento entre linhas e colunas definindo, consequentemente, as células. A partir do momento que o usuário combina células via mescla este referencial é corrompido, não possibilitando a interpretação correta do conteúdo e aplicação de uma série de ferramentas (filtros, fórmulas, seleções, referências, etc...). Em uma analogia, é semelhante a um jogo de “Batalha Naval”. Se houvesse a possibilidade de mesclar os campos do tabuleiro, como seriam identificados os navios a serem abatidos?
Portanto, é ‘proibido mesclar células na base de dados’! Procure utilizar o recurso pontualmente, como na elaboração de painéis de controle (dashboards), onde as informações são exibidas e não consultadas.
2. Não colocarás mais de uma informação em uma mesma célula
Ainda utilizando a analogia da “Batalha Naval”, você conseguiria identificar e acertar corretamente o navio desejado se houvesse diversos navios dentro do mesmo campo? No Excel é a mesma coisa. Colocar mais de uma informação em uma mesma célula limita uma série de recursos como filtros e fórmulas de operações condicionais (SOMASES, MÉDIASES, etc...).
Portanto, lembre-se, o lema é: uma célula, uma informação.
3. Checarás a organização e a consistência da base de dados, sobre todas as coisas
De que adianta uma casa bonita se o alicerce está podre? No Excel é igual. O alicerce de uma planilha é a base de dados. De nada adianta se preocupar com as análises sofisticadas e gráficos interessantes se a base está desorganizada. Além de retrabalho e limitação no uso de ferramentas, há também perda de confiabilidade. Isso porque, além das questões abordadas nos mandamentos anteriores, tratativas a fim de padronizar caracteres especiais, como espaços e acentos, devem ser realizadas.
Esses tratamentos se fazem necessários pelo fato do Excel diferenciar caracteres especiais, não agrupando os dados em um mesmo “balaio”, o que é premissa para funções condicionais e de pesquisa/referência, como por exemplo: PROCV, ÍNDICE, CORRESP, SE, SOMASES, MÉDIASES, entre outros. Para fazer um teste é simples: i) em uma célula qualquer coloque seu nome; ii) na célula abaixo coloque seu nome novamente, porém adicionando um espaço depois do termo (erro muito comum quando há digitação); iii) em uma terceira célula, construa uma fórmula colocando que as células anteriores são iguais (=CÉLULA1=CÉLULA2) e aperte ENTER. Como você verá: o resultado será FALSO.
Pois é, agora imagine uma análise de orçamento fundamentada em SOMASES, por exemplo, sem qualquer tratamento em relação a isso. A análise vai sair, sim. A análise é confiável? Não, tendo em vista que campos com espaço ou acento serão desprezados. Sendo assim, sua tomada de decisão não é confiável.
Portanto, antes de analisar, certifique-se que sua base de dados está padronizada.
4. Não selecionarás campos inteiros para análises pontuais
Ao aplicar funções e ferramentas, é comum usuários selecionarem, a partir dos cabeçalhos, linhas ou colunas inteiras para definir os argumentos. Um vício preguiçoso que acarreta principalmente no aumento do tamanho do arquivo e, consequentemente, na lentidão das análises. Isso porque uma verificação a ser realizada em um determinado conjunto de células é aplicada às 1.048.576 linhas e 16.384 colunas, dependendo do sentido da análise. Ou seja, é como se você tivesse que procurar um endereço específico de uma cidade já determinada, mas selecionasse todo o país para rodar a pesquisa. Vai encontrar? Vai, mas exigirá mais esforço e levará mais tempo.
Portanto, selecione apenas aquilo que vai usar.
5. Explorarás os recursos de referência
Ao utilizar diferentes recursos no Excel, sejam funções, ferramentas ou estruturação de gráficos, o usuário tem basicamente duas opções ao indicar argumentos: escrever diretamente na ferramenta ou fazer referência a uma célula/intervalo de dados. Pois bem, sempre que possível, opte pela segunda opção. Ao referenciar uma célula, um vínculo é criado de modo que, caso ocorram modificações, as relações de interdependência sejam respeitadas. Fato este que não ocorre quando um argumento é digitado. Ou seja, em caso de eventuais ajustes, a identificação e correção são manuais, morosas e sujeitas a erro.
Ainda sobre referências, para uma manipulação eficiente do Excel, é fundamental que o usuário domine as derivações de referência absoluta disponíveis, dadas pelas combinações de fixação, representadas pelo uso cifrão ($) nas células. Além disso, a definição de nomes de células e/ou intervalos de células pelo uso do “Gerenciador de Nomes” é um recurso poderoso e que pode ser utilizando em paralelo, otimizando diversas ferramentas.
Portanto, sempre referenciar uma célula – dominando as opções disponíveis – e nunca digitar o argumento/texto/valor.