O projeto de transformar Foz do Iguaçu em uma espécie de \"zona franca de Manaus\" para datacenters no Brasil segue vivo.
A ideia, que foi apresentada pela primeira vez em 2015, ainda durante o governo Dilma Rousseff, tendo feito algumas aparições esporádicas na gestão Michel Temer, teve a sua primeira menção pública na administração Jair Bolsonaro nesta semana.
O tema foi abordado pelo secretário de Telecomunicações do Ministério de Ciência e Tecnologia, Vitor Elisio de Menezes, durante a Futurecom, mega evento de telecomunicações que aconteceu esta semana em São Paulo.
Segundo revela o site Convergência DIgital, Menezes teria dito que o tema está em negociação, sem mencionar prazos.
Como desde o começo, a ideia é que os datacenters estabelecidos na região sejam incluídos em uma classe especial de consumo de energia, o ativo mais caro na sustentação do negócio, além de redução de ICMS e facilitação na importação de equipamentos.
“O Brasil, hoje, não é um país atraente para os data centers. Nós perdemos qualquer disputa com outros países da região. E essa equação precisa mudar\", afirma Menezes.
O país parece estar inaugurando um novo tipo de política de estado, no qual sucessivas administrações sabem que algo precisa ser feito, dizem estar interessadas em fazê-lo, mas nada de especial acontece.
A primeira movimentação em torno do projeto aconteceu em janeiro de 2015, quando Ministério das Comunicações, a Itaipu Binacional e a Fundação Parque Tecnológico Itaipu-Brasil assinaram um acordo de cooperação para criar um “condomínio de data centers” no parque tecnológico localizado dentro da usina hidroelétrica.
Na época, uma nota divulgada por Itaipu já desenhava o projeto em linhas gerais.
Itaipu deveria realizar estudos de viabilidade de energia elétrica para os projetos selecionados e oferecer local físico para a implantação dos data centers.
De acordo com números de 2012, Itaipu sozinha é responsável 17,3% de toda a energia consumida pelo Brasil.
Custos de energia normalmente respondem por cerca de um terço da conta de um data center. Em outros países é comum centros de dados se instalarem próximos a geradores de energia como uma maneira de obter descontos.
Uma iniciativa em Foz poderia tornar o Brasil um destino mais atrativo para os data centers de grande escala.
O Google, por exemplo, instalou uma estrutura do tipo em Quilicura, na região metropolitana de Santiago, a capital do Chile.
No ano passado, o Google anunciou uma ampliação, com o investimento de US$ 140 milhões para triplicar a estrutura para espaço de 11,2 hectares. Cada hectare equivale a um campo de futebol dos grandes.
Projeto oriundo do governo Dilma Rousseff faz sua primeira aparição na era Bolsonaro.